Partilhamos convosco a entrevista ao nosso Presidente, Carlos Arce Pardo, que foi publicada no domingo passado no HOY.es Ediciones Digitales HOY.
O nosso Presidente partilha connosco a sua análise sobre a situação atual e futura do sector industrial na Estremadura.
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«O DESAFIO DEVE SER O DE DUPLICAR O PIB INDUSTRIAL NOS PRÓXIMOS 20 ANOS;
Carlos Arce Presidente da Arram Consultores «Para atrair talento, é preciso oferecer um horário que permita conciliar, formação e opções de desenvolvimento profissional»
BADAJOZ. Acredita que o teletrabalho veio para ficar. Pelo menos no sector da engenharia industrial. Mas Carlos Arce, presidente da Arram Consultores, não o vê como uma ameaça para o desenvolvimento da Estremadura.
–¿Pode conduzir a uma maior fuga de talentos da nossa região?
–Não acho que seja assim. É verdade que o teletrabalho permite às empresas de fora contratar pessoas na Estremadura, mas também a nós nos permite contratar pessoas de fora. É uma ameaça para as empresas da Estremadura? Pode ser uma ameaça para as empresas que não se tenham adaptado às mudanças culturais.
–Como tornar as empresas da região atrativas?
–As empresas da Estremadura têm de competir, como todas as empresas. A Estremadura tem uma qualidade de vida muito elevada, conflitos laborais reduzidos e, na maioria dos casos, um bom ambiente de trabalho. Se perseverarmos nestes pontos, será atrativo vir para cá. Se falarmos apenas de engenharia, teremos de perceber que hoje em dia não basta ter apenas um salário: temos de dar formação profissional, desenvolvimento profissional e flexibilidade no trabalho para que a sua família e a sua vida profissional sejam compatíveis. Na Estremadura, durante muitos anos, parávamos durante duas ou três horas para almoçar. Isso mudou. As empresas tem de se adaptar às mudanças culturais de modo a atrair pessoas que hoje têm uma qualidade de vida inferior fora do nosso ambiente e que veem o teletrabalho e a Estremadura como uma oportunidade.
–¿Por que é que a formação é tão importante no seu sector?
– Antes, quando saíamos da universidade tínhamos terminado a nossa formação; hoje, a formação é permanente. As coisas estão a mover-se tão depressa que é necessária uma reciclagem constante. Uma das grandes ameaças que enfrentamos é a falta de pessoal qualificado. Estamos num processo de crescimento e reconversão em que o desafio é como combinar a experiência com a digitalização e a utilização e a aplicação de novas tecnologias. Os que já existimos há muitos anos não estamos habituados a aplicar software ou as últimas tendências. Os que já conhecem, dominam ou têm menos dificuldade em se familiarizarem com isso são os jovens. Eles têm uma grande oportunidade, mas precisam de pensar que têm aqui uma oportunidade. Estamos a perder talento fora da região e temos de lutar e criar as condições para que eles vejam oportunidades aqui e se desenvolvam na nossa região.
Formação
–Será que a formação que está a ser dada nos cursos de licenciatura se adapta às necessidades das empresas? –Este ano, a Escola de Engenharia Industrial pediu às empresas que lhe informáramos sobre os assuntos que deveriam incluir nos seus programas. Parece-me que esta iniciativa de aproximação às nossas necessidades é o que a universidade deve fazer, porque tem de estar predisposta a formar os seus formadores: aqueles que têm feito a mesma coisa durante 35 anos estão agora obsoletos. Se continuarmos a insistir em fazer as coisas da forma como sempre foram feitas, iremos bater na parede. As empresas também têm vindo a virar as costas às universidades há muitos anos, mas não pode ser permitido que um jovem que acaba de se formar na universidade entre numa empresa e tenha de passar um ano em formação antes de começar a atuar. Essa formação deve ser recebida na universidade. No final, o que precisamos é de pessoas treinadas.
–De que mais precisa a região? –Que os estremenhos acreditemos que o que fazemos pode competir no estrangeiro, para sairmos e concorrermos. Neste sentido, o principal défice que temos é o das infraestruturas. Precisamos de um comboio de mercadorias, porque levar os nossos contentores para Sevilha ou Sines ou Valência custa-nos entre 700 e 1.200 euros a mais. As infraestruturas que nos ligam a estes portos permitirão que os nossos produtos partam em condições competitivas. Além disso, estas linhas ferroviárias devem ser frias porque a indústria agro-alimentar pode gerar ainda mais alimentos e outro dos nossos objetivos deve ser também o de competir nos mercados internacionais. Do mesmo modo, é incompreensível que não haja uma auto-estrada de Badajoz a Valência ou Sevilha, nem é incompreensível que não haja auto-estrada a ligar as duas capitais da região. As estradas e os caminhos-de-ferro são essenciais para a circulação de mercadorias, mas também de serviços e pessoas. Se queremos que as grandes empresas venham para a Estremadura, temos de facilitar a chegada de pessoas de avião. É necessário um aeródromo em Cáceres e de frequências de voo razoáveis para Madrid, Barcelona e Lisboa. Finalmente, precisamos de terrenos industriais bem equipados. Temos três grandes zonas industriais - Navalmoral de la Mata, Mérida e Badajoz - onde uma grande parte do espaço disponível será coberto se os projetos em curso forem implementados. O desenvolvimento deste terreno industrial leva quatro ou cinco anos e as empresas querem rapidez na obtenção da autorização administrativa. Este é um dos grandes desafios que a administração enfrenta.
–Quais são os desafios que a Estremadura deve enfrentar para o futuro? –Eu definiria o desafio de duplicar o PIB industrial da Estremadura nos próximos 20 anos. Neste momento, 25% do PIB estremenho, em termos absolutos, depende da administração. Isto é um flagelo. O PIB industrial devia crescer e para isso têm de vir empresas de grandes dimensões, porque com o crescimento orgânico das nossas empresas, levaria séculos a convergir. Nos últimos dez anos, graças à ajuda da União Europeia, fizemos progressos, mas não o suficiente. Agora, os fundos da Próxima Geração (Next Geration) vão trazer cerca de 10,8 mil milhões de euros. Esta é uma grande oportunidade, porque é um investimento que a Estremadura nunca teve antes, que não nos podemos dar ao luxo de perder.
–Existe uma falta de espírito empresarial na região?
–Sim, penso que estamos a educar os nossos filhos em complacência, falta de esforço.... Fomos educados em esforço, trabalho árduo, sacrifício.... O modelo que temos é a administração e nem todos temos de ser funcionários públicos. Se o nosso sonho é trabalhar na administração, a Estremadura continuará a ser letárgica e confortável.
SECTOR INDUSTRIAL
«Uma das maiores ameaças que temos é a falta de pessoal qualificado»
VIAS FÉRREAS E AUTO-ESTRADAS
«São o nosso grande défice, porque impedem os nossos produtos de competir em pé de igualdade»
Entrevista de JOSÉ - M. MARTÍN - (Diario Hoy)